sábado, 24 de setembro de 2011

O tempo muda, as flores surgem, mas tudo aqui dentro continua frio como nos invernos mais rigorosos. Os olhos brilham, tristes, e as lágrimas escapam, aos pouquinhos. Ainda consigo sorrir, fingir, e seguir em frente, mesmo que cambaleando. Eu sempre estou aqui, sempre estive. Minhas mãos estão abertas para os abraços. Meus sorrisos estão prontos para escapar, se isso também puder te fazer sorrir. Eu sempre estou pronta pra ouvir. Mas ninguém me escuta. Ninguém me vê. Ninguém aceita os meus abraços meio doidos e desajeitados. E quando eu tento consolá-los, ninguém para. Ninguém vê. Ninguém escuta. E continuam dizendo que não têm ninguém por perto. Chega disso. Eu sei, sim, que tem gente aqui, pra mim. Só não tenho coragem de dizer a eles o que me atormenta, pois sei que nenhum deles seria capaz de compreender. Por isso me calo, e ardo, e espero. E tento ajudar os outros do jeito que posso. Mas ninguém quer falar, ninguém quer tentar, ninguém está aberto. Se fecham, e continuam pedindo ajuda. Mas não posso adivinhar. Ainda não consigo ler pensamentos… E, por incrível que pareça, faço o mesmo. Não tenho coragem de dizer. E meu coração dói, e meus dedos dos pés estão machucados. O sorriso no meu rosto é falso. E as minhas mãos nunca se cansam de escrever, de formular ideias, de procurar por um consolo qualquer em meio a um monte de palavras que, em mente, tornam-se praticamente seres vivos. Isso me agrada. A escrita. O alívio. O problema é que tudo torna-se somente temporário. Não posso escrever durante todo o tempo. Por isso penso nele, e naquele jeito de me fazer rir, de qualquer forma. E na minha vontade de fazê-lo rir, agora mesmo. Mas ele não deixa. E dói. Arde. E machuca. E começa tudo de novo. E eu escrevo. E eu tento. Tento, consigo, mas depois passa. E volta, com ainda mais força. Voltam também as minhas quase-lágrimas - pois penso que nem elas têm coragem de escapar. Só resta o vazio de dias escuros, esperando pelo nascer do sol que possa por mim ser visto e admirado. Só resta uma esperança tênue, querendo crescer dentro de mim, mas sem espaço. A dor e a escuridão, unidas, roubam-lhe cada pequena parte do território que deveria ser seu. E ele, de certa forma, toma também mais do que deveria tomar. E arde. Aqui dentro de mim já não cabe. Uma hora eu sei que não vai ter mais jeito: tanta dor, receio, medo e angústia precisarão sair de mim. Na forma de lágrimas.

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